“Sundar,
precisamos comprar nossa roda de oração hoje!”.
Sundar
suspirou quando seu pai o chamou da entrada de sua casa feita de barro, perto
de Lhasa, lá no distante Tibet. Estava na hora de sua família ir a Lhasa fazer
compras, mas a última coisa que Sundar queria trazer para casa era uma roda de
Oração.
“Se eu
pudesse contar para meu pai o que aprendi sobre Jesus com o Tio Bula, ele não
iria mais querer uma roda de oração. Ele também saberia que foi Deus quem criou
a Terra e que também criou todas as coisas viventes. Saberia que é somente Deus
quem faz com que a nossa plantação cresça. Daí que não haveria mais necessidade
de uma roda de oração”, pensava Sundar.
O vento
gelado castigava Sundar e seu pai, enquanto desciam o sinuoso caminho que os
levava de sua casa até Lhasa. O pai se enrolou bem em seu manto grosso e sorriu
para seu filho.
“Como é
bom ter você novamente em casa”, ele disse, tentando falar acima do ruído do
vento. “Você gostou de ficar com o Tio Bula?”.
“Oh, sim,
papai, gostei muito!”, Sundar se apressou em responder. “A Índia é um país
muito bonito, e o Primo Ratu é muito divertido”.
O pai de
Sundar concordou, balançando a cabeça, mas seu rosto estava um pouco triste.
“Eu acho que na Índia não é tão frio como aqui”, suspirou o pai.
Sundar
meneou sua cabeça. “Não, pai, não é frio, mas eu não me importo com o frio”.
“Não se
importa?”, disse seu pai muito surpreso. “Antes de ir visitar seu tio e primo,
você se queixava muito por causa do vento”.
“Eu sei,
papai?”, concordou Sundar, “mas não vou mais me queixar”.
Seu pai franziu o rosto e olhou muito
admirado para seu filho, mas Sundar não disse mais nada. Ele não poderia
explicar que não iria mais se queixar do vento, porque agora sabia que
Jesus tinha criado a Terra e feito o
vento para soprar, o Sol para brilhar e a chuva para cair. Se seu pai pudesse
saber disto também, como seria bom!
Sundar
tinha aprendido todas estas coisas maravilhosas na Escola Cristã, onde seu tio
o tinha levado. O missionário havia explicado que Jesus é o único Deus
verdadeiro que está no Céu, e que é tolice adorar a outros deuses ou acreditar
em roda de oração.
Embora
Sundar soubesse que seu pai achava errado falar de qualquer outra religião que
não adorasse o Grande Lama ou o sacerdote no templo, ele se arriscou a tocar no
assunto da roda de oração.
“Papai,
por que você quer uma roda de oração?”.
O pai de
Sundar parou de repente naquele estreito caminho.
“Filho, a
visita a seu tio o fez mudar de verdade!”, ele exclamou. “Você sabe muito bem
para que precisamos de uma roda de
oração. Precisamos colocar no córrego perto de casa. A roda de oração vai fazer
com que o córrego não seque, e também vai fazer com que a nossa plantação
cresça e possamos ter uma boa colheita. No ano passado não tivemos uma roda de
oração, e nossa colheita não foi nada boa. Será que você não se lembra?
Certamente a sua viagem não fez com que esquecesse tanto assim!”.
“Eu
lembro, papai”, respondeu, tranqüilamente, Sundar.
O pai de
Sundar continuou andando pelo estreito
caminho. “Será seu trabalho observar que a roda de oração continue girando”,
acrescentou o pai para Sundar.
Sundar se
sentiu ainda mais infeliz. Sabia que
devia obedecer a seu pai. Um dos mandamentos de Jesus manda honrar aos pais,
mas como tinha pavor do trabalho de atender a roda de oração!
Pouco
antes de chegar à cidade, Sundar e seu pai atravessaram uma ponte estreita
sobre um ruidoso rio. O menino quase sempre tinha medo daquela água correntosa,
mas desta vez atravessou a ponte com muita confiança. “Jesus tirou todo o meu
medo”, murmurou para si mesmo.
“Lá está o
lugar do chefe Lama”, disse seu pai, como tinha feito muitas outras vezes
quando visitavam a cidade.
“Sim”,
respondeu Sundar. Ele tinha ouvido a história muitas vezes, e podia lembrar
sobre o poderoso legislador que vestia um manto amarelo e sentava sobre um alto
trono. Com ele, dentro do palácio, estavam os monges carregando rodas de oração
e cantando a única oração que conheciam. “Oh, jóia no coração do lótus”.(Lótus
é uma bonita flor).
“Como são
diferentes as orações feitas a Jesus Cristo!”, pensou Sundar. Ele desejava
muito contar a seu pai sobre a bonita oração do Pai Nosso que Ratu, seu primo,
tinha ensinado para ele.
“Talvez
algum dia eu possa fazer isto”, pensou Sundar, para se confortar. “Vou orar a
Jesus pedindo que me ajude”.
Depois de
terem feito todas as compras, Sundar e seu pai voltaram para casa. Enquanto
Sundar alimentava e dava água para o iak, o animal de trabalho da família, seu
pai instalou a roda de oração no pequeno riacho que irrigava a plantação.
“Agora
nossa plantação vai crescer forte, sadia e alta, o pendão vai se dobrar até a
terra, por causa de seu peso”, afirmou o pai.
Sundar
também desejava um lindo campo de cereais, mas sabiam que a roda de oração não
poderia fazer nada para isto.
Cada dia
ele observava a roda para ver se estava girando, assim como seu pai tinha
mandado que fizesse. O riacho continuou correndo e a plantação cresceu mais
alta do que anteriormente.
“Está
vendo a plantação, filho!”, exclamou seu pai um dia. “Nossa roda de oração está
funcionando”.
Mas Sundar
balançou sua cabeça: “Pai”, ele disse, “a roda não pode fazer a plantação
crescer. Mas existe Alguém que faz com que a plantação cresça”.
Seu pai se
virou rapidamente, tirando os olhos da plantação.
“O que
você está dizendo, meu filho! Por que você está com estas idéias estranhas?
Onde você aprendeu estas coisas? Lógico que nossa roda de oração está fazendo
com que a plantação cresça. Não quero ouvir você falar isto novamente!”.
Sundar
sabia que não poderia responder as perguntas de seu pai sem falar sobre Jesus.
Mas também sabia que não era a hora propícia. “Vou continuar orando a Jesus
para que Ele me mostre quando devo falar sobre isto novamente”, pensou.
Não
demorou muito tempo para que as orações de Sundar começassem a ser respondidas.
Uma manhã, quando ia para a plantação, viu que a força da água tinha arrancado
a roda de oração de onde estava amarrada, e também a tinha quebrado.
“Agora
nossa plantação não vai dar uma boa colheita!” Resmungou o pai de Sundar, por
ter perdido a roda de oração. “O riacho, com certeza, vai secar”.
Sundar
quase falou, mas uma voz parecia lhe dizer para que ficasse em silêncio.
Os dias
passavam e o vento continua soprando. Mas a água do riacho não secou. A
plantação cresceu bem alta, e os grãos começaram a se formar.
O pai de
Sundar olhava o campo com muita admiração. Algumas vezes viu como ele balançava
a cabeça, e um dia o pai disse:
“Não posso
entender como nossa plantação cresceu depois que a roda de oração foi quebrada.
Você não me disse um dia que Alguém faz com que ela cresça?”.
O coração
de Sundar bateu bem depressa, e um sentimento de emoção encheu seu coração.
Sabia que agora era o tempo de falar para seu pai sobre Jesus.
“Jesus, o
verdadeiro Deus que está no Céu, Ele é quem faz com que as plantas cresçam”,
explicou Sundar alegremente. “Ele criou a Terra e todas as coisas que existem.
Ele é o nosso grande Criador e Salvador. Se acreditarmos NELE, Ele nos levará
para o Seu reino quando voltar um dia”.
O pai de
Sundar escutava com muita atenção. “Onde você aprendeu todas estas coisas? Foi
na casa de seu tio?”.
“Sim”,
concordou Sundar. “Eu aprendi sobre Jesus com o Tio Bula e com o Primo Ratu.
Eles me levaram para a escola da missão, e eu aprendi muitas coisas com os
missionários”.
Os dias
chegavam e passavam, e a plantação crescia cada vez mais alta. Um dia notaram
que o riacho estava com muito pouco água, era somente um filete correndo por
entre a plantação. Mas isto não importava. Os grãos do cereal já estavam bem
formados, em poucos dias começariam a ficar maduros e sem demora todo o campo
se parecia com um enorme cobertor dourado.
“Amanhã começaremos a colheita!”, disse o
pai de Sundar, uma tarde, parado na porta de entrada de entrada de casa e
radiante. “Nossa plantação amadureceu mesmo sem a roda de oração, e eu acho que
vamos ter a melhor colheita, como nunca antes”. Por que, Sundar? Será que é por
causa do seu Jesus?”
Rapidamente,
Sundar respirou bem fundo: “Oh sim, papai! Eu orei muito para que nossa
plantação crescesse, também orei pedindo ajuda para fazer você crer em Jesus,
que criou a Terra; e eu creio que Ele respondeu as duas orações. Eu estou
muito, muito feliz!”.
Por um
momento o pai de Sundar ficou em silêncio. Mas Sundar viu a expressão de seu
rosto, e não ficou surpreso quando seu pai passou o braço em seu ombro, e disse
com voz gentil:
“Você
precisa me contar tudo o que sabe sobre nosso Jesus. No ano que vem, depois que
a neve tiver derretido, vamos novamente visitar o Tio Bula e o Primo Ratu. Ali
você vai me levar para a Escola Cristã para ver os missionários que lhe
ensinaram sobre o Deus do Céu que criou a Terra e que faz as coisas crescerem”.
E Sundar
sabia que seu pai iria cumprir a promessa.
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