Carlos
gostava de olhar o dourado campo de trigo, e ver como se dobravam e balançavam
com o vento. “Ele faz ondas assim como no mar!” Ele disse.
O pai de
Carlos sorriu: “Sim, filho, é isto mesmo. E amanhã os combinados vão começar a
rolar”.
Carlos
sabia o que eram combinados. Eram máquinas grandes que iam de um lado ao outro
do campo. Elas colhiam os grãos que estavam na haste do trigo, amontoavam
dentro dos caminhões que levavam os grãos para os mercados da cidade,
Por isto, Carlos ficou um pouco triste, ao
pensar que não teria mais muito tempo para ficar vendo o trigo balançando com o
vento. Se os combinados começassem a trabalhar de manhã cedo, provavelmente de
tarde todo o campo de trigo já teria sido colhido.
“Vou ficar
com saudades do trigo, papai”, disse Carlos com tristeza.
O papai
sorriu e colocou sua mão no ombro de Carlos. “Eu acho que também vou ficar com
saudades. Mas é tempo de colheita. Você sabe que a Bíblia nos diz que existe
tempo para plantar e tempo para colher. Nós plantamos o trigo no tempo certo,
ele cresceu verde e forte. Depois de muitos meses, o vento, a chuva e o sol,
fizeram com que ele amadurecesse. Agora está no ponto de ser colhido. Se ficar
mais um pouco, o talo do trigo começará a ficar muito fraco e poderá cair. Se
isto acontecer, as espigas do trigo cairão no chão e ficaria muito baixo para
que os combinados pegassem, e desta maneira perderíamos os grãos”.
Bem
calado, Carlos ficou prestando atenção no que o pai dizia. E depois começou a
sorrir também. Ele sabia que seus pais precisavam do dinheiro que conseguiriam
com a venda do trigo para pagar a fazenda. Lentamente, Carlos alcançou a mãos
de seu pai. “Estou contente por que é
tempo de colheita”, ele disse.
O pai
apertou, fortemente, a mão de Carlos entre as suas, dizendo: “Eu também estou
feliz”.
Bem cedo
na outra manhã, Carlos e sua irmãzinha, Lisa, foram para fora ver se os grandes
combinados já estavam vindo da cidade. O céu estava claro e limpo, e o sol
brilhava cada vez mais. Um longo tempo passou mas, os combinados não chegavam.
Lisa se
cansou de esperar. “Vamos fazer qualquer outra coisa”, suplicou, “estou cansada
de esperar pelas máquinas”.
Carlos
riu. “Está bem. Por que não vamos caçar borboletas para variar? Eu acabei de
ver uma borboleta no campo de trigo”.
“Agora sim”, gritou Lisa. “Eu também acabei de ver
uma borboleta!”.
E saiu
correndo para casa, tão depressa quanto permitia suas pequenas pernas. Por
alguns minutos Carlos ficou olhando para ela, mas logo viu uma enorme
borboleta, de asas muito bonitas, e começou sozinho a caçar.
Quanto
tempo Carlos ficou caçando borboletas, ele não se lembrava. Logo perdeu de
vista aquela grande borboleta, mas viu outras de cores variadas e de diversos
tamanhos para caçar. Ele se esqueceu completamente de Lisa. Também se esqueceu dos combinados, até que ouviu o
barulho deles vindo pela estrada.
“Lisa!”, ele
chamou, voltando para casa, “os combinados estão chegando!”.
Mas Lisa
não respondeu. A mamãe ouviu Carlos chamando e gritando, e veio até o pátio.
“Lisa não
está comigo”, disse a mãe, “pensei que estivesse com você esperando as
máquinas”.
“Ela
estava”, explicou Carlos, “mas começamos a caçar borboletas, e notei quando ela
correu em direção de casa para pegar uma borboleta que tinha visto”.
Carlos viu
o pai que estava saindo do celeiro e correu para encontrá-lo, “Pai, a Lisa está
no celeiro?” Perguntou.
“Não, por
quê?”, perguntou o pai muito surpreso, “pensei que ela estivesse com você!”.
Carlos
teve vontade de chorar. “Ela estava comigo, começamos a caçar borboletas, e
agora não sei onde ela está”.
O pai
olhou preocupado, bateu levemente no ombro de Carlos e disse, tentando acalmar:
“Nós vamos encontrá-la. Vou avisar os homens para não começarem a trabalhar com
os combinados. Lisa pode estar na plantação”.
Carlos
passou os olhos pelos hectares e hectares de ondulante trigo. Como poderiam
encontrar Lisa dentro de tão grande plantação?
Mas o
papai tinha um plano. Ele, os homens das máquinas, junto com a mamãe e Carlos,
deveriam se dar às mãos e andar através do campo. “Vamos andando e chamando até
alcançarmos o outro lado”, explicou o pai. “Depois vamos voltar e caminhar
novamente. Desta maneira não vamos perder nenhum pedacinho. Lisa pode ter
sentado para descansar em algum lugar e talvez tenha pegado no sono. E assim
não poderá ouvir o nosso chamado. Se não nos dermos às mãos, poderemos
perdê-la, neste trigo tão alto”.
Os homens
concordaram que era um plano muito bom. Todos se deram as mãos, e o papai fez
uma oração pedindo a proteção de Jesus, e também o Seu auxílio.
Quando a
oração terminou, Carlos segurou na mão do papai e estendeu sua outra mão,
procurando a mão de outra pessoa. Olhou em volta muito surpreso. Ele era o
último daquela fila.
O papai
olhou para ele e disse baixinho. Segure na mão de Jesus, meu filho. Ele vai nos
ajudar a encontrar Lisa”.
Conforme
iam se movendo através do campo, Carlos quase podia sentir Jesus segurando a
sua mão. O trigo estava muito alto, em muitos lugares passava acima de sua
cabeça, mas por alguma razão não era difícil andar através dele.
De um lado
e de outro da linha, Carlos podia ouvir os homens chamando o nome de Lisa. A
mamãe e o papai também chamavam, mas Carlos não chamava. Tinha que se manter
junto com o pai, e os passos dele eram muito grandes.
De
repente, Carlos soltou a mão de seu pai e começou a correr pelo campo de trigo.
Quando estava um pouco na frente, parou e se ajoelhou em oração. Logo que
terminou de orar, levantou e correu um pouco para frente, em outra direção.
E parou
subitamente. Bem na sua frente estava Lisa. Ela estava dormindo num pequeno
monte de trigo.
“Pai!”,
Carlos gritou, “pai, Lisa está aqui”.
Quando o papai chegou, Lisa acordou,
esfregou os olhos e disse: “Eu estava perdida”, ela soluçou, “eu chamei, mas
ninguém me respondeu, ninguém sabia onde eu estava”.
Carlos
pegou em sua mão e disse: “Jesus sabia, e Ele me ajudou a encontrá-la. O papai
me disse para eu segurar na mão de Jesus quando todos saímos para procurá-la.
Jesus me disse para onde devia ir”.
Há esse
tempo, todos os outros que estavam procurando por Lisa, chegaram e puderam
ouvir o que Carlos estava dizendo. Um dos homens sorriu para Carlos e disse:
“Filho, eu acho que, realmente, Jesus segurou a sua mão”.
Carlos
sorriu para o homem. Ele tinha certeza que Jesus tinha estendido Sua mão por
todo o campo de trigo.
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