Joel,
Maria Assunção e sua irmãzinha brincavam
no quintal quando Breno, João e o pequenino Guilí Almeida passaram pela alta
cerca que separava os quintais, para
brincar com eles.
Durante
horas seguidas as crianças se divertiram jogando bola e peteca, ou
balançando-se no grande balanço de cordas, e escorregando no plano inclinado
que o pai de Joel para eles fizera. Repentinamente, porém, todos pareceram
perder por completo o interesse no que estavam fazendo.
- Já sei
porque, disse Joel, todos nós estamos com fome.
- Decerto
que estamos, disse Maria; e embora mamãe tenha visitas esta tarde, correrei
para casa a fim de ver alguma coisa para comer.
- Querida, disse-lhe a mãe, quando Maria
lhe contou a que viera, fiz, esta tarde, sanduíches tanto para as visitas, como
para os de casa.Você encontrará uma boa porção deles no guarda-comida. Mas
tenha cuidado, não os leve para o quintal no prato de porcelana.
Maria
prometeu-lhe mudá-los de prato, e apressou-se em sair. Mas ao olhar para dentro
do guarda-comida e ver os sanduíches bem arrumadinhos no lindo prato azul e
cor-de-rosa, achou desnecessária a advertência da mãe.
- Estão
tão bem neste prato! Resmungou ela. Carregá-lo-ei com todo o cuidado, e farei
de conta que me esqueci de trocá-lo.
Então,
levantando cuidadosamente o prato, volveu pelo mesmo caminho, rumo do quintal.
Que
momentos agradáveis se seguiram à sua chegada! Tanto os de casa como os de
fora, amontoaram-se ao redor do grande prato, e comeram até que o último farelo
lhes havia descido pela goela.
- Bem,
disse Maria, nada mais resta agora senão levar novamente o prato para a cozinha
e reiniciar a brincadeira; e dispôs-se a voltar. Mas, oh, infelicidade! Mal
havia dado uma passada e deu uma topada e lá se foi o prato contra uma pedra,
fazendo-se em pedaços.
Por alguns
momentos as crianças ficaram a olhar umas para as outras, depois Joel fez sinal
de silêncio. – Nós podemos pôr a culpa na pequenina, Maria, disse ele baixinho,
pois ela não sabe falar.
Esse seria
um meio de sair da enrascada – pôr a culpa em Bessi; mas seria isso direito?
Novamente
se agruparam as crianças. De repente Maria sorriu e levantou a mão direita.
- Não,
Joel, disse ela calmamente, não é direito fazer uma coisa e depois pôr a culpa
em outra pessoa; direi a verdade à mamãe e sofrerei o castigo.
Todos
ficaram silenciosos por um minuto; depois João aproximou-se de Maria
dizendo-lhe meigamente: - Não seria bom fazer sua mãe pensar que foi a
pequerrucha quem quebrou o prato, mas seria muito mais fácil se todos nós a
acompanhássemos quando você fosse falar com sua mãe.
Certamente, pareceu mais fácil a Maria contar à mãe o ocorrido tendo ao
lado os amiguinhos, do que fazê-lo sozinha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário