- Clara! Clara!
A voz de David era trêmula e fraca, pois
estava muito doente. Ele amava muito ao pai e à mãe, que lhe eram muito caros,
mas na doença não queria perto de si outra pessoa senão Clara. Quando a menina
saía do quarto, ele começava a gemer, a chorar e a chamar por ela. O doutor
deu-lhe diferentes remédios, mas nenhum lhe parecia fazer bem algum.
Finalmente todos desanimaram, dizendo que
nada mais podiam fazer por ele. Diziam todos que David não viveria por muito
tempo mais – todos, menos Clara. Ela ficou sempre ao seu lado, refrescando-lhe, freqüentemente, a fronte
escaldada pela febre ou dando-lhe bebidas nutritivas. Orava para que Deus o
poupasse. Não o abandonava.
Clara faltou às aulas para cuidar de David.
Ele ardeu em febre durante muito tempo, mas finalmente esta cedeu, deixando-o
muito fraco. Contudo, não melhorava como devia. Afinal, passado um ano, o pai de David ouviu falar num doutor
que tratava de modo diferente. O doutor veio e levou David para o seu
sanatório, a fim de o tratar. E o menino começou a melhorar rapidamente. Quão
contente ficou a família, e como se
alegrou Clara de ter perseverado e feito tudo ao seu alcance por David, quando
os outros pensavam já ser tarde.
Clara costumava fazer bem tudo o que
empreendia. Em criança foi boa aluna,
vindo mais tarde a ser professora. Era ainda nova quando começou a lecionar,
muito mais nova do que a maioria dos professores, mas fez esplendidamente o
trabalho. Tinha uma escola que ninguém conseguira dirigir, pois havia quatro
rapazes bem grandes que estavam determinados a dominar a situação e expulsar
qualquer professor, fosse homem ou mulher, que os viesse ensinar.
Clara tinha um modo especial de tratá-los,
que os outros não tinham. Brincava com eles e lhes perguntava bondosamente se
não lhe queriam prestar favores. Era tão paciente com eles que os conseguiu
ganhar, levando-os a se tornarem alunos muito quietos e obedientes.
Clara ouviu dizer que havia em uma cidade
próxima meninos e meninas que não tinham escolas em que pudessem aprender a
ler, escrever e fazer contas. Isso certamente faz muitos anos. Havia umas
poucas escolas, mas estas eram somente para pessoas que tinham bastante
dinheiro para pagar os estudos. Clara achava que devia haver escolas gratuitas
para os meninos e meninas pobres, tanto como para os filhos dos ricos. Mas
todos diziam que ela nunca poderia fazer alguma coisa neste sentido; ela,
porém, o fez. Suas escolas tiveram tamanho sucesso que muitos ricos tiraram os
filhos das escolas que estavam freqüentando, para pô-los nas escolas de Clara.
Veio a guerra – a terrível guerra. Clara
era agora um pouco mais velha, e embora fosse ainda pequena e delicada, tinha
bastante determinação. Não podia consentir em ver homens sofrerem e morrerem
nos campos de batalha sem os devidos cuidados. Era o tempo da Guerra Civil nos
Estados Unidos. Rogou que lhe permitissem fazer alguma coisa, mas seus pedidos
não foram atendidos, visto ser mulher.
Ela, porém, persistiu,
sendo-lhe, finalmente, concedida a oportunidade de ir ajudar os feridos. Muitas
vezes esteve sua vida em perigo. Certa vez, quando estava dando algo a beber a
um homem ferido, foi-lhe o copo arrebatado da mão por uma bala. Doutra vez, uma
bala rasgou-lhe a manga do vestido. Ela, porém, continuou lidando com os
feridos, dando água fria aos sedentos e confortando os moribundos.
Foi a fundadora da Cruz Vermelha Americana,
que tanto tem ajudado aos que sofrem, em suas necessidades. Nunca há um terremoto,
maremoto, enchente, guerra, ou qualquer outra terrível calamidade que as
enfermeiras da Cruz Vermelha ali não estejam para fazer o possível em favor do
povo.
Clara Barton propôs em seu coração, quando
ainda menina, fazer quanto lhe fosse possível para ajudar aos que sofrem. Pôs
bem alto o alvo, e seu nome é exaltado como de uma mulher digna de toda estima.
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