- Vocês gostariam de ouvir o meu cavalo
falar? – perguntou o Sr. Oliveira, por cima da cerca dos fundos, para os três
meninos que tinham se mudado recentemente para aquela vizinhança e estavam
brincando num terreno vazio ali perto.
- Oh, sim
– respondeu Tony, e todos os três vieram correndo.
O Sr.
Oliveira abriu o portão e deixou que eles entrassem na estrebaria. O Sr.
Oliveira era um dos bons policiais da cidade. Ele gostava muito de meninos e
também gostava muito de cavalos. Os meninos tinham visto seu bonito cavalo
branco bem na frente de um desfile. Eles gostavam de ver o Sr. Oliveira escovar
o Duque, e pentear o seu rabo e sua crina. Ele trazia uns dois ou três baldes
de água morna e lavava Duque por inteiro. O cavalo ficava parado em pé, olhando
ao redor de vez em quando. Se fosse um desfile muito especial, o Sr. Oliveira
também dava polimento nos cascos de Duque. Depois pegava uma sela muito limpa e
brilhante que com todo cuidado colocava em cima do cavalo, e gentilmente, mas
com firmeza amarrava o cinturão.
O Sr.
Oliveira sempre usava sua roupa de montaria – camisa amarela e calça marrom.
Também usava um chapéu marrom. O chapéu era tão grande que parecia um sombreiro
mexicano. Ele também tinha espora brilhante, mas muito raramente as usava.
Nas
grandes paradas, a melhor banda normalmente estava bem atrás de Duque e do Sr.
Oliveira. Duque havia sido treinado para saber o que fazer quando o Sr.
Oliveira batesse no seu lado ou puxasse as rédeas. Ele podia marchar e marcar o
tempo da música. Algumas vezes ele parava prestando atenção por uns minutos.
Ele podia se sustentar em suas patas traseiras e levantar as patas dianteiras
como se fosse um cachorrinho ensinado.
Muitas
vezes ele balançava a cabeça com impaciência, e andava de um lado para o outro,
ansioso para mostrar o que realmente sabia fazer. Quando a banda começava a
tocar uma marcha alegre, ele podia marchar e mover a cabeça no compasso da
música, no tempo perfeito.
Neste dia
especial, o Sr. Oliveira queria mostrar para os meninos que seu cavalo podia
fazer alguma coisa mais do que marchar no tempo da música, como fazem os
soldados.
- Vocês
sabiam que o meu Duque pode falar? – começou a perguntar logo que fechou o
portão. Os meninos arregalaram os olhos e prestaram atenção.
- Eu nunca
ouvi um cavalo falar – disse Frederico
- Bem, o
Duque fala – disse o Sr. Oliveira. – Você não será capaz de ouvir, mas poderá
ver como me responde.
- Como é
isto? – todos perguntaram de uma só vez.
- Ele pode
escrever? – perguntou Daniel, porque uma vez tinha visto um cavalo pegar um
lápis com seus dentes e fazer números.
- Vou
fazer umas perguntas para ele – disse o Sr. Oliveira. – Duque, você já tinha
visto estes meninos antes? – ele começou. O cavalo começou a mover sua cabeça
para cima e para baixo, de maneira a dizer “Sim”.
- Algum
deles jogou pedras em sua estrebaria?
Novamente
Duque moveu a cabeça para cima e para baixo.
Os meninos
se lembraram de que haviam jogado pedacinhos de madeira, cascas e também
pedras, através da cerca para ver Duque correr, e ficaram felizes porque o Sr.
Oliveira não olhou para suas caras de culpados.
- Você
gosta disto, Duque? – perguntou o Sr. Oliveira. O cavalo balançou fortemente a
cabeça de um lado para o outro.
- Eu sei
que vocês gostam de Duque tanto quanto eu. Vocês não quiseram machucá-lo. Se
ele tivesse ficado assustado por causa da pedra, poderia ter se jogado contra a
cerca e quebrado a perna, ou ter furado um olho, poderia ter rompido a cerca e
corrido para fora – disse o Sr. Oliveira.
- Nós não
jogaremos mais nada contra ele novamente – disse Daniel. – Não pensamos que
poderíamos machucar o Duque, somente pensamos que seria divertido ver como ele
pulava e corria.
- Não
haveria nenhum outro cavalo que liderasse a parada se ele tivesse fugido –
acrescentou Frederico pensativamente.
Tony
estava pensando em uma coisa muito dura.
- O senhor
teria que dar um tiro nele se por acaso tivesse quebrado uma perna, teria que
matá-lo, não teria, Sr. Oliveira?
O Sr.
Oliveira baixou a cabeça, enquanto trazia uma forte caixa de madeira que
colocou na frente de Duque. O cavalo colocou suas patas em cima da caixa. Então
ele levantou a pata direita e dava a mão a cada menino quando lhe davam um
pequeno torrão de açúcar.
Tony,
Daniel e Frederico vão à estrebaria de Duque cada dia. Mas vocês podem estar
certos de que não jogam mais pedra. Mas eles ainda estão admirados de como
Duque sabia responder Sim ou Não às perguntas do Sr. Oliveira.
Por que
vocês acham que os meninos jogavam pedras em Duque? Vocês acham que eles sabiam
que era errado? Por quê? A que mandamento ou regra estavam desobedecendo quando
eram maldosos para com o cavalo? Será que eles imaginavam o que poderia
acontecer ao cavalo quando jogavam pedras nele? O que vocês imaginam que os
meninos estavam pensando quando
apertavam a mão (pata) de Duque?
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