segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

AS MÃOS DE MINHA MÃE




    Faz anos, quando minha irmã mais velha tinha meses de idade, aconteceu adormecer no quarto da frente. Mamãe estivera ocupada com o serviço da casa e, ao aproximar-se da hora do almoço, encheu o fogão de querosene, preparando-se para cozinhar o almoço.
    Cheio o fogão, mamãe riscou um fósforo para acender. Seguiu-se terrível explosão, e em breve a pequenina casa se achava em chamas. Na explosão minha mãe ficou seriamente ferida. O braço esquerdo e o ombro ficaram em carne viva. Os vizinhos acorreram à cena e ajudaram-na a pôr-se em segurança.
    O corpo de bombeiros da pequenina cidade; com seu primitivo aparelhamento daqueles tempos, apareceu dentro de alguns minutos. Por essa altura toda a casa era uma verdadeira fornalha.
    Naturalmente, a primeira coisa de  que mamãe se lembrou ao recuperar-se do choque, foi a criancinha adormecida em meio àquelas chamas. Os bombeiros e os espectadores disseram não haver esperança de penetrar nos aposentos cheios de fumaça e dos caibros a cair. Desprendendo-se, porém, dos que a procuravam conter, mamãe precipitou-se para a incendiada casa, abrindo caminho por entre o fumo e as chamas, em direção do quarto em que se achava sua filhinha – ainda adormecida.
    Agarrando-a com aqueles braços já horrivelmente queimados pela explosão, mamãe carregou o precioso fardo para fora, a salvo. Apenas uma cicatriz produzida por um botão quente assinalou minha irmã mais velha, mas mamãe levou ao túmulo os vestígios de seu ato de heroísmo.
    Por mais de um ano esteve ela em tratamento, enquanto a pele enxertada ia aos poucos cobrindo as feridas. Aqueles repuxados tendões desfiguraram-lhe a bela mão, e feias cicatrizes marcaram o braço que transportou a pequenina para lugar seguro. Aqueles dentre nós, porém, que conheciam a história que se achava por trás daquelas cruéis cicatrizes, amávamos aquela mãe, que a constrange a não poupar a própria vida para salvar seu filho!
    Como esse amor tem inspirado e moldado à vida dos grandes homens deste mundo! Podemos seguir, através dos séculos,  a influência do amor e da educação de uma mãe.
    Aí está José, o jovem escravo que se tornou poderoso governador do Egito – o segundo Faraó. Em meio de adversidade e popularidade José não se desviou da senda da retidão. Por que? Porque, como menino aos  joelhos de Raquel, absorvera de sua piedosa mãe aqueles princípios de verdade e justiça que o mantiveram fiel ao ser combatido pelas ondas da tentação.
    Jorge Washington foi, em sua infância, moldado pelo caráter e o amor de uma piedosa mãe.
    Abraão Lincoln disse uma vez: “Tudo quanto eu sou ou tudo quanto ainda espero ser, devo a minha  angélica mãe!”.
    “O trabalho da mãe muitas vezes se afigura, aos seus próprios olhos, sem importância. Raras vezes é apreciado. Pouco sabem os outros de seus muitos cuidados e encargos. Seus dias são ocupados com uma série de pequeninos deveres, exigindo todos paciente esforço, domínio de si mesma, tato, sabedoria e abnegado amor; todavia ela se não pode vangloriar do que fez como de algum importante feito. Fez apenas com que tudo corresse suavemente no lar; muitas vezes fatigada e perplexa, esforçou-se por falar bondosamente às crianças, mantê-las ocupadas e satisfeitas, guiar os pequeninos pés no caminho reto. Sente que nada fez. Assim não é, entretanto. Anjos do céu observam a mãe, fatigada de cuidados, notando suas responsabilidades dia a dia. Seu nome pode não ser ouvido no mundo; achava-se, porém, escrito no  livro da vida do Cordeiro.
    “Existe um Deus no céu, e a luz e glória do Seu trono repousam sobre a fiel mãe enquanto ela se esforça por educar os filhos para resistirem à influência do mal. Nenhuma outra obra se pode comparar a sua em importância. Ela não tem, como o artista, de pintar na tela uma bela forma, nem, como o escultor, de cinzelá-la no mármore. Não tem, como o escritor, de expressar um nobre pensamento em eloqüentes palavras, nem, como o músico, de exprimir em melodia um belo sentimento. Cumpre-lhe, com o auxílio divino, gravar na alma humana a imagem de Deus”.
    Quão adequado, neste Dia das Mães, que nos detenhamos um pouco e prestemos um tributo a quem tantas vezes tem enchido plenamente a medida da dedicação por aqueles a quem ama! Por intermédio de sua ilimitada afeição, quanto filho ou filha coxeante não tem sido conduzido à luz do supremo amor celeste! Que alegre dia de reunião será aquele em que as piedosas mães de todos os séculos se encontrarem com os seus ao redor do grande trono branco!
    “Pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que se não compadeça dele, do filho de seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, Eu, todavia, não Me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das Minhas mãos te tenho gravado: os teus muros estão continuamente perante Mim”. Isaías 49:15 e 16.
    Não quereis vós, neste Dia das Mães – enquanto o coração se acha enternecido ao pensamento do lar e da mãe – pensar também naquele incomparável amor de Cristo e entrar com Ele em mais íntimas relações – com Ele que vos amou e Se entregou a Si mesmo por vós?
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     


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